A volta com Jane Austen

Meu Deus, quanto tempo sem publicar aqui! Mas o importante é que este espaço é sempre meu e de quem resolver visitá-lo. E, claro, pode demorar o tempo que for, eu sempre volto a escrever.

Minha ausência foi por conta do trabalho e da minha dedicação ao artesanato, que envolve também meu outro site. Então, perdoe-me Vinil Digital!

Lógico que li vários livros, quadrinhos, vi temporadas de séries, filmes, ouvi discos e mais discos etc. Se eu fosse escrever sobre as coisas legais que absorvi por aí, que comprei, que achei, que peguei emprestado etc, ia ser um post, no mínimo, enfadonho. Então, vou começar pelo mais recente livro que li, de uma escritora que tenho profunda admiração: Jane Austen.

O livro:

 

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A obra conta a história de Fanny Price, que é levada a morar com seus tios aristocráticos ainda com 10 anos de idade. Isto porque sua mãe não possui condições de sustentar tantas crianças, já que se casou com um homem pobre, diferente da irmã de sua genitora. Dessa forma, Fanny agora é parte de Mansfield Park.

Jane Austen é extremamente habilidosa com as construções, com as palavras, com as sutilezas de cada personagem, com as críticas aos costumes de uma Inglaterra do século XVII. A maneira como ela escreve nos faz percorre 565 páginas de um forma tão prazerosa, que é quase impossível ler um pouquinho e fechar o livro.

Pessoal, quem ainda não leu Janes Austen não sabe o que está perdendo. Suas reflexões são atemporais e sua maneira de enxergar o mundo revela um mulher que estava séculos à sua frente.

Beijos e abraços e até breve. Breve mesmo!

Ansiedade, de Augusto Cury

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Eu costumo ler livros de psicologia porque amo esta área do conhecimento humano. Acho que ela pode ajudar muitas pessoas a dar o primeiro passo para modificarem sua forma de pensar e sua conduta, principalmente diante de si mesmo. Claro, talvez os livros somente não sejam capazes de curar as doenças da alma, mas para quem verdadeiramente pretende mudar sua vida, ler, no meu entendimento, já promove algum tipo de modificação. Fará você, pelo menos, enxergar que algo precisa ser feito.

Eu nunca tinha ouvido falar da SPA – Síndrome do Pensamento Acelerado, ainda mais saber que ela, de acordo com o psiquiatra e psicoterapeuta Augusto Cury, é o mal do século. Mas o que é a SPA? É todo excesso que vivemos, sem digerir a realidade, sem termos tempo nem sequer para aproveitar os momentos da vida, sem tempo para refletirmos antes de agir, sem tempo para nos colocarmos no lugar do outro, etc. Tudo isso é fruto de um tempo infeliz no qual temos muitas informações e não exercemos a capacidade crítica.

O que isso ocasiona? Todo o tipo de mal: violências, guerras, mal-estar, baixa autoestima, sofrimento por antecipação, diminuição da criatividade, incapacidade para nos relacionarmos com o outro, impaciência, culto a celebridades, etc, etc, etc. Nossa mente não aguenta tanta informação e entra em colapso causando doenças psicossomáticas como dores musculares, dores de cabeça, infarto e até a precipitação de diversos tipos de câncer. Nosso emocional precisa de cuidados urgentes. Precisamos diminuir o ritmo para que não sejamos vítimas de nossa própria psique.

No livro, Cury nos ensina algumas técnicas para que possamos controlar nossos medos e sermos donos de nós mesmo, senhores do nosso destino e não sejamos subservientes ao lado negro que nós mesmos construímos. É fácil nos livrarmos das nossas mazelas? Não, mas é possível. Temos a capacidade de nos modificar, pois somos seres pensantes.

Trechos da obra:

“Muitos de nós são críticos do misticismo, mas se comportam como cartomantes de segunda categoria. Sofrem por previsões da sua mente. Mais de 90% das nossas preocupações sobre o futuro não se materializarão. E os outros 10% ocorrerão de maneira diferente da que desenhamos. Não é possível ter uma emoção estável e saudável sem dar um choque de lucidez nas preocupações diárias que nos assaltam. O Eu pode e deve impugnar e discordar dos pensamentos de péssima qualidade. Não fazê-lo é ser ingênuo, é não saber que o fenômeno RAM – Registro Automático da Memória está imprimindo-os.”

***

“Nada coloca tanto combustível no mal do século, na ansiedade gerada pela SPA, do que sofrer pelo que ainda não aconteceu. Nosso Eu deve pensar no amanhã apenas para sonhar e desenvolver estratégias para superar desafios e dificuldades”

***

“Não apenas o conteúdo pessimista dos pensamentos é um problema que afeta a qualidade de vida, mas – o que não se sabia – também a velocidade exagerada desses pensamentos depõe contra ela.” 

Portanto, pessoal, vamos mudar a maneira como nos enxergamos, vamos pensar criticamente sobre o que nós pensamos e não nos deixarmos contaminar pelos excessos covardes da nossa civilização que não é nada sábia. Saúde emocional é a saúde do mundo, é ter um mundo sem ditadores. Os ditadores são imaturos emocionalmente, têm apenas sede de poder e controle, filhos da falta de empatia pelo ser humano e dos excessos que criamos.

Acho que este livro é muito importante. Leiam, por favor. Isso é muito sério!!!

Deixo aqui o link para o blog de Augusto Cury (o link do site está lá)

Aqui, o link para o projeto educacional Escola da Inteligência

 

A Arte – Conversas imaginárias com minha mãe

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Mais um livro editado pela WMF Martins Fontes que me deixou muito feliz! Eu recebi da editora o ‘Logicomix’, que vocês podem encontrar a resenha logo abaixo. Um livro fascinante, como escrevi. E agora eu leio este: ‘A Arte – Conversas imaginárias com minha mãe’, do espanhol Juanjo Sáez. Igualmente (porém diferente) lindo!

Desenhos toscos? Depende do ponto de vista!

Desenhos toscos? Depende do ponto de vista!

O livro é em formato de HQ, onde o autor se posiciona sobre o significado da arte e discorre sobre a importância de determinados artistas, basicamente criadores da arte contemporânea, vaidade artística, para que serve a arte, além de falar sobre museus, sempre em conversas imaginárias com sua mãe.

O autor e sua mãe em carne e osso

O autor e sua mãe em carne e osso

Toda a obra é desenhada de um jeito informal, que poderíamos chamar de tosco, mas jamais o é. O texto também é escrito como se Saéz estivesse escrevendo em seu diário. Quando o autor erra, ele não apaga, ele simplesmente risca a palavra e continua, como se quisesse nos dizer que a falha, o erro, durante o processo artístico faz parte e não tem que ser escondido.

Um livro para todos!

 

Logicomix

Antes, um obrigado.

Agradeço à Editora WMF Martins Fontes, principalmente a Beatriz Reingenheim, pela presteza no atendimento, pela atenção dedicada. Meu pedido foi atendido com muita gentileza, depois que Bia viu meu blog. A editora e ela me deram a oportunidade de entrar em contato com uma obra linda. Agradeço imensamente a essa editora que sou fã, verdadeiramente, há muitos anos!

Até o final do segundo grau levei a matéria matemática como o meu calcanhar de Aquiles. Tive ótimas professoras, mas a matemática me perseguia. Cheguei até a entrar em aulas de banca e um reforço no turno oposto na escola onde estudava, a extinta e ótima Escola Tereza de Lisieux, aqui em Salvador. Mas, para a minha surpresa, a professora Eládia (ou Euládia, não me recordo), uma velhinha que usa roupas tradicionais de vovozinha, disse que não sabia o que eu estava fazendo ali, pois eu era capaz de fazer contas de cabeça de forma muito rápida, de dar de forma rápida e precisa a resposta para questões de raciocínio lógico. Caramba, então era tudo psicológico, eu realmente era bom com números!!!

Não, eu era bem ruim! Minhas notas não melhoravam. Matemática, mesmo depois da generosidade de professora Euládia (ou era Eládia, não me recordo), continuou sendo meu ponto fraco até o fim do segundo grau!

Mas o tempo foi passando e eu acabei gostando de matemática, assim como de física (outra pedra no caminho). Mais velho, meu interesse por tudo não deixou a matemática de fora e hoje somos amigos, mesmo que distantes.

Bom, essa introdução longa, e talvez desnecessária, foi só para dar sentindo ao livro sobre o qual falarei: Logicomix – Uma jornada épica em busca da verdade.

LOGICOMIX

 

Lindamente escrito por Apotolos Doxiadis e Christos Papadimitriou e lindamente ilustrado por Alecos Papadatos e Annie Di Donna, a obra conta a história do filósofo e matemático Bertrand Russel e sua busca pela verdade por meio dos fundamentos lógicos da matemática. No decorrer dessa busca, vamos conhecendo o homem e o cientista, suas conquistas e falhas humanas, mas principalmente o poder da paixão pela ciência e pela humanidade. Ao longo do livro, que é parte romance histórico, conhecemos pensadores fundamentais como Kurt Gödel e Ludwig Wittgenstein, e suas contribuições filosóficas e matemáticas para o mundo.

Essa verdadeira jornada matemático-filosófica confirmou algo que eu venho pensando há algum tempo e que talvez vá parecer óbvio para aqueles que lerem esse texto: podemos criar belíssimas interpretações da vida, tentar explicá-la por meio da religião ou da ciência, mas no fundo jamais revelaremos seus segredos mais profundos e belos, porque o mistério que envolve a existência sempre será um belíssimo mistério. As coisas mais óbvias e simples da vida continuam sendo as fundamentais e necessárias, porque tudo além disso é pura abstração filosófica. Podemos até seguir certos caminhos teóricos que dialoguem mais com nossas crenças, mas nunca teremos a verdade absoluta nas mãos. ‘Nunca’ é a palavra que me parece mais certa no momento.

Algo que achei bem legal. Os autores da história também aparecem explicando como foi o processo de criação da obra.

Algo que achei bem legal. Os autores da história também aparecem explicando como foi o processo de criação da obra.

Talvez por conta dessa busca incessante por respostas, muitos desses personagens tenham enlouquecido. No fim, até mesmo Russel admitiu que falhou (em parte) em sua missão, embora tenha contribuído imensamente para a evolução das teorias matemáticas e filosóficas, ter sido um popularizador da filosofia, além de ter sido um pacifista. Por tudo isso passei a admirar mais este homem, que nasceu no País de Gales, em 18 de maio de 1872.

Só posso indicar o livro e pedir que leiam algo lindo, extremamente bem feito. Poderia falar muito mais, mas acho que ler esta obra é o mais lógico a ser feito.

 

O caderno rosa de Lori Lamby, de Hilda Hilst

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Como eu li em alguns momentos, é impossível ler ao “O caderno rosa de Lori Lamby”,de Hilda Hilst, como se um bloco de gelo estivesse diante das frases. Simplesmente somos jogados diante do texto belamente obsceno da escritora, que nos provoca. É como se ela quisesse testar no moral, nossos desejos. Quais são suas reações diante dos relatos lascivos de uma garota de 8 anos? Você ousaria dizer que sentiu desejo?

Impassível eu não fiquei, já que a escrita erótica de Hilda nos faz ir além do livro que estamos lendo. Confesso que também senti tristeza por Lori, uma criança que se vê em um mundo de sexo por influências dos pais cafetões. Então tem esse jogo de desejo, de sentimentos que tentamos não sentir por conta da moral, mas há também a compaixão pela inocência da menina prostituída tão cedo.

A escritora

A escritora

O livro é escrito em forma de diário, com ótimas ilustrações de Millôr Fernandes, traz os erros de escrita de uma criança de oito anos, o que não impede do texto ter diversas referências a escritores consagrados na literatura erótica, como Henry Miller ou Georges Bataille, obviamente grafados de forma “errada”.

Este foi meu primeiro livro de Hilda, embora conheça textos de poesia dela e tenha conhecimento sobre sua importância em diversos estilos literários. Com certeza foi um bom começo, porque eu sempre li sobre ela, li algumas poesias, mas nunca tinha lido uma obra inteira.

Busquem Hilda. Vale muito a pena.

Colírio de segunda – Sarah Hyland

Vez ou outra quando minha filha está vendo filme na Disney, eu sento e acompanho com ela, até para saber se é algo legal, se tem uma mensagem interessante. Já vi coisas ruins. Não sou grande fã de High School Musical, por exemplo, e minha opinião está registrada aqui no blog. Assim como tenho forte desconfiança de produtos como Branca de Neve, Cinderela e por aí vai, já que corroboro com a opinião de que são produtos machistas, apesar da beleza e da delicadeza que envolve esses projetos.

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Enfim, esse “Colório de segunda” traz a linda Sarah Hyland, novaiorquina de 23 anos, que tem no currículo a série “Modern Family”, atual trabalho, e filmes como “Todo mundo em pânico 5”.

un-chiflado-encantadorO filme que inspirou esse texto foi “Um geek encantador” (2011), e conta a história de Josh Rosen (Matt Prokop), que pula em uma fonte para recuperar uma mala “fashion” de Dylan Schoenfield (Sarah Hyland). Após esse encontro casual, Josh, o nerd tecnológico, resolve convidar Dylan a ser a protagonista de um documentário sobre popularidade, já que a garota é uma das mais populares da escola onde estudam.

Obviamente sabemos o final desde o começo, ouvimos diálogos batidos e cenas mais batidas ainda, como aquela da troca de roupa em uma loja, com a pessoa experimentando dezenas de peças.

Apesar de tudo isso e de ser um filme que normalmente não assistiria, é bom que existam filmes assim para chamar atenção para assuntos que mais tarde serão debatidos e profundados pelas crianças e adolescentes que são espectadores dessas produções atualmente.

Josh e Dylan

Josh e Dylan

Assuntos como a diferença entre as pessoas e a possibilidade de serem amigos, ou mais que amigos. A patricinha Dylan é mais que uma patricinha, é uma pessoa com problemas e com interesses diversos, o que a torna alguém interessante e nada fútil (vimos isso no ótimo “Legalmente loira”, com Reese Whiterspoon). Em uma parte do filme ela diz que não há como juntar geeks e gente como ela, já que cães não andam com gatos. Mais tarde percebe que estava errada e que estar com amigos verdadeiros, independente se são cães ou gatos, é que é legal. Ou seja, uma mensagem boa, mesmo que dita de uma forma nada original ou merecedora de prêmios dramatúrgicos.

Eu não vou dizer que recomendo a todos, mas para aqueles pais que, por ventura, visitarem este espaço, ou mesmo um adolescente ou pré-adolescente que passar por aqui, eu digo que vejam sem medo o filme. Para os pais, podem deixar as crianças assistirem.

Apegados e Azul é a cor mais quente

Quero falar brevemente de dois livros que li esses dias. Pelo que tenho visto, os comentários aqui no blog diminuíram, mas seria bem legal se quem fizer uma visita por aqui, deixasse suas impressões. É sempre bom trocar informações, receber dicas, etc.

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Bom, “Apegados” é um texto que soa como livro de autoajuda e é também, o que não o deprecia. Clássicos da literatura, em qualquer área, podem ser considerados autoajuda também, porque não? Se nos ajudam, se nos transformam, isso é que importa. O termo adquiriu tom pejorativo por conta de inúmeros livros esquemáticos e formulaicos sobre a felicidade, sobre o sexo, sobre o emprego, etc. Livros generalistas. Não é o caso desse livro, que foi escrito por Amir Levine e Rachel Heller, dois profissionais da área da psicologia, que tomaram como base diversos estudos sobre a teoria do apego. É um livro sobre psicologia.

Acho que é uma obra que pode nos fornecer informações muito interessantes sobre que tipo de apego carregamos dentro de nós: o evitante, o ansioso e o seguro. Esses três tipos de apego, que são adquiridos por diversos fatores, como ambiente familiar, relacionamentos que tivemos, etc, definem que tipo de pessoa somos com nossos parceiros. A menos que você tenha um apego seguro, ser ansioso ou evitante lhe trará alguns problemas. Mas não se preocupe, ser seguro não é ser perfeito, mas facilita muito as coisas. E para quem é ansioso ou evitante, digo que é possível mudar. Pode não ser fácil, mas é completamente possível.

Sei que não expliquei muito. Com isso deixo o gostinho para quem se interessou e indico que leiam o livro. Acho que se podemos melhorar como seres humanos e fazer de nossos relacionamentos algo melhor, devemos fazer. Afinal, somos serem que precisamos viver com outros, se relacionar, viver uma sexualidade saudável e rica. Parte grande de nossa felicidade vem dos nossos relacionamentos afetivos.

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Semana passada eu escrevi sobre o filme “Azul é a cor mais quente”, que simplesmente achei maravilhoso e um dos mais belos filmes sobre o amor que eu já vi. Aí soube que foi baseado em uma história em quadrinhos e resolvi ler.

“Azul é a cor mais quente”, de Julie Maroh, é uma experiência igualmente impactante, com belíssimos desenhos, com uma paleta de cores triste, quase monocromático, a não ser pela presença do azul…igualmente triste, mas metaforicamente quente.

A história narrada na HQ tem suas diferenças em relação ao filme, o que é normal, são duas linguagens diferentes. Mas se eu tivesse que eleger o que mais gostei, fico com o longa.

Se puderem vejam o filme e leiam a HQ, são duas obras lindas e importante sobre o amor.

 

O homem de aço (2013)

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Relutei em assistir ao filme “O homem de aço” (2013), de Zack Snyder, por conta da má impressão causada pelo chatíssimo “Superman – o retorno”, produção de 2006 do diretor Brian Singer. O alarme preconceituoso soou assim que vi a figura de mais um bonitão vestindo a roupa do super-herói mais poderoso dos quadrinhos. Enfim, hoje, resolvi buscar o filme e me dei conta, em poucos minutos de fruição, que esta nova produção, se não pode ser considerada maravilhosa, está bem à frente da anterior.

Mais um vez temos um reboot, o que quer dizer que os produtores do filme resolveram recontar a história do SuperHomem do começo ao invés de dar continuidade à história já conhecida por nós. Como se o personagem fosse recriado por Hollywood. Dessa forma, acompanhamos o nascimento de Kal-El/Clark Kent até o momento em que ele assume para a humanidade que é um ser vindo do planeta Krypton.

De todos os filmes do herói este foi o único a mostrar Krypton como um planeta verossímel, palpável, com um cenário que indica um cotidiano. E logo nos primeiros minutos do longa eu vejo Russel Crowe como Jor-El e Michael Shannon como general Zod, o que já conferiu credibilidade ao filme e aumentou meu interesse.

Quando Jor-El tenta avisar aos líderes de Krypton, uma espécie de conselho de anciãos, que o planeta está prestes a ser destruído e que pode salvá-lo, entra o general Zod para culpar os líderes pela iminente tragédia. Em meio a uma batalha entre os dois personagens, o bebê de Jor-El e Lara é enviado para a Terra, onde é achado e criado pelo casal Jonathan (Kevin Costner) e Martha Kent (Diane Lane). Tanto Costner quanto Lane estão ótimos no papel dos pais de Clark. Realmente fiquei feliz por ver Costner em um papel que se encaixou perfeitamente para ele e assistir Lane encarnar uma mulher mais velha (uma verdadeira matrona) e nada sexy, ao contrário dos papéis que geralmente vejo, também foi ótimo.

Assim conhecemos o futuro Super-Homem vivendo sua vida no campo e em empregos comuns como pescador em alto mar ou como garçom em um pequeno bar. O diretor utiliza muito o recurso do flashback para revelar aos poucos como foi a infância de Clark e os valores morais ensinados pelos pais, principalmente pela força moral de Jonathan e sua eterna preocupação em relação à segurança do filho.

O ator Henry Cavill (Kal-El/Clark Kent) consegue, apesar de não ser um excelente ator, desenvolver de forma muito mais eficiente seu personagem em comparação a Brandon Routh, do filme anterior, revelando nuances emocionais que distinguem sua imaturidade do adulto controlado e sábio. Mas é possível falar sem pestanejar que Christopher Reeve ainda é o Super-Homem “de verdade”, já que sua atuação foi impecável.

Outra coisa que achei uma falha do filme foi revelar logo de cara os poderes do herói já adulto, o que enfraqueceu algumas cenas dele quando criança, importantes para o seu desenvolvimento emocional e sobre as escolhas que mais tarde teria que fazer como super-herói. Outra falha é que o roteiro é extenso demais e perde a pulsação, deixando-o por certo tempo enfadonho. Mais uma falha observada: as lutas entre Zod e Super-Homem são travadas como se não existissem pessoas ao redor e que provavelmente sairiam seriamente machucadas ou mortas por conta da luta entre os dois. Felizmente o filme acerta mais que erra e um desses acertos foi apenas fazer referência a Lex Luthor, quando vemos a marca LexCorp no alto de um dos prédio de Metrópolis. A ausência desse vilão foi importante para não deixar a produção mais óbvia. Outro acerto do filme é sua parte técnica, que nos enche os olhos, como nas cenas no planeta Krypton, por exemplo.

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Mas cadê Lois Lane? O amor terreno de Clark é vivido pela sempre competente Amy Adms, que confere à jornalista do Planeta Diário uma persona mais séria e determinada, mas não carrancuda em momento algum. Aliás, o Super-Homem dessa nova produção também é mais sério, ciente da difícil tarefa que carrega nas costas. Neste longa só vemos o jornalista Clark Kent no final depois de revelar que precisa de um emprego no qual as pessoas não perguntem quando ele for para um lugar perigoso. Lembrei que existe um livro chamado “Complexo de Super-Homem”, dedicado a jornalistas como eu e Clark..rsrs.

“O Homem de aço” é um filme eficiente e bom de ser assistido, com um elenco primoroso e uma parte técnica muito boa. Uma experiência divertida mesmo que não contribua de forma significativa para a mitologia do homem de Kryton.

 

 

Azul é a cor mais quente

Trecho da matéria que li no G1:

A Imovision, distribuidora de “Azul é a cor mais quente”, divulgou um comunicado nesta terça-feira (25) em que critica as empresas que estão se recusando a produzir o Blu-ray do filme francês.

E mais:

“A Imovision procurou a empresa brasileira Sonopress, que replica seus títulos em Blu-ray, mas a mesma se recusou e ainda alegou que nenhuma outra empresa faria o serviço. A Imovision então contatou a SONY DADC, que também se recusou a produzir o Blu-ray do filme, por considerar o conteúdo inadequado devido às cenas de sexo, apesar do filme já ter sido classificado para maiores de 18 anos”, diz o texto.

Aí eu penso o quanto  a internet é maravilhosa, que já não precisamos ficar nas mãos de grandes corporações que decidem o que bom ou ruim, decente ou não!  Enquanto essas empresas negam a produzir lindos filmes sobre o amor apenas por conter lindas cenas de sexo entre mulheres, o coro come na TV e outros meios, reproduzindo nossas piores mazelas.

Dito isto…

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O texto abaixo contém spoilers!!!

“Azul é a cor mais quente” (2013), produção francesa baseada nos quadrinhos de Julie Maroh, trata “apenas” de uma linda história de amor entre dois seres humanos, sem rótulos. Humanos, não um romance gay, um romance lésbico. E acho que começar falando desse filme definindo-o com tais etiquetas é diminuir a beleza do próprio amor, que é um sentimento universal e poderoso.

O diretor Addellatif Kechiche narra a história de Adèle ( Adèle Exarchopoulos), uma garota que inicia o longa com 15 anos e nos dá sua evolução emocional aos poucos, de uma forma orgânica e delicada. Adèle sofre por conta de suas descobertas sexuais, teme ser rejeitada pelas amigas e por conta disso se força a uma relação heterossexual. Não pode dar certo. Quando cruza com Emma (Léa Seydoux) há o despertar de uma intensão paixão, que mais tarde será correspondida.

O envolvimento das duas nos é revelado por Kechiche de forma belíssima, sempre com a busca dos pequenos grandes gestos de corpo, de face, dos olhos, das palavras. Pareceu, a meu ver, um documentário, como se escondido atrás de um muro ou uma árvore, o diretor filmasse as reações das duas garotas. O que quero dizer é que as reações são muito orgânicas, singelas e intensas ao mesmo tempo. E claro, mérito também das fabulosas atuações de Seydoux e Exarchopoulos. Kechiche aproxima a câmera dos rostos dos personagens, nos colocando quase que na ação, na cena. Outra coisa que achei muito interessante foi quase a ausência de música, o que deixou o universo mais denso, regido pela melodia das emoções. Uma vez ou outra vemos pitadas políticas mais diretas, como à questão da imigração, talvez por conta da origem franco-tunisiana do cineasta, mas o que vigora e impera é a história de amor.

As cenas de sexo (que tanto chamaram a atenção) são apenas cenas de sexo. Ou seja, não há porque se sentir constrangido com elas ou chamá-las de explícitas como se isso fosse demérito. O sexo é tabu em nossa sociedade e instrumento de controle, porque o usamos para controlar o moral das pessoas. Sexo é a energia mais poderosa e importante que existe. E quando falo de sexo, falo de amor, de contato nunca vulgar entre pessoas que querem viver e ser felizes. As cenas de Kechiche são longas e podem constranger alguns porque vemos o sexo como algo sujo, ainda mais quando se trata de um casal gay. Lamentável!

Adéle e Seydoux

Adèle e Léa

Vemos os anos passarem e elas agora moram juntas. Emma já não tem cabelos azuis, ms loiros, e se transformou em uma pintora em ascensão; era estudante de Belas Artes. Adèle agora é uma promissora professora de alfabetização. Fica visível a diferença entre seus mundos intelectuais. Emma possui amigos cultos, um vasto círculo de amizades que intimida e deixa Adèle enciumada. Em certo momento, por se sentir só, Adèle trai Emma com um colega de trabalho e confessa, em meio a uma discussão, que dormiu com o rapaz. A confissão de Adèle provoca o rompimento por parte de Emma.

Todo o processo é muito doloroso. Claro que eu torci pela volta das duas, mas a vida não é uma novela barata, na qual já sabemos que o final será feliz. Após um longo tempo distantes, Adèles marca um encontro em um bar e tenta uma reaproximação. Percebemos que Emma ainda a ama, apesar de dizer que não. Acho que todos nós já tivemos o coração destroçado por frases como “tenho um imenso carinho por você” ou algo similar. E quando vemos nosso amor nos dar as costas e ir embora, um vácuo é aberto em nosso peito, o mais fundo desespero e impotência.

Bonito também foi o desfecho do filme. Adèle, ao visitar uma exposição de Emma, vai com um vestido azul, como que fechando um ciclo em sua vida. Ela percebe a felicidade de Emma e sua nova parceira, percebe que Emma agora é um sucesso como artista plástica e que talvez seu lugar no coração de seu ex-amor seja o de uma grande amiga. O amor existe ainda entre as duas, mas ocupa um outro lugar.

Kechiche entre as duas grandes e belas atrizes

Kechiche entre as duas grandes e belas atrizes

Indico este filme para aqueles que amam uma bela história, belíssimas atuações e uma direção poética. Li em sites de revistas como Época que o diretor foi agressivo com as atrizes, que forçou ao limite suas atuações nas cenas de sexo, que foi um abuso, etc, etc. Bom, se ele foi grosseiro com as atrizes, eu não sei. O fato é que quando lidamos com um processo artístico as emoções estão à flor da pele e não é incomum relatos de brigas feias em estúdio. Mas neste caso me parece mais um campanha para denegrir um filme belíssimo. Mesmo que o diretor tenha sido grosseiro com as atrizes, digamos, é o produto artístico que está em análise. Vi uma entrevista de Adèle na qual ela elogia muito Kechiche e a beleza que foi ter passado pela experiência de atuar em “Azul”.

Felizmente a mediocridade de parte dos veículos de comunicação e de determinadas empresas fica obscurecida pela grandeza dessa produção, que na minha opinião, é um dos filmes de amor mais bonitos que vi.

O link para assistir o filme no you tube é: http://www.youtube.com/watch?v=baaD68O0Vl4 

Colírio de Segunda – Teresa Palmer

Interessante quando a pessoa demora muito para escrever novamente e inventa uma seção na qual em alguma segunda-feira do mês vai trazer uma mulher linda, além de tecer alguns comentários acerca da escolha. Apesar do nome ser “Colírio de segunda”, claro que as mulheres são de primeira. Pelo menos, para mim. E outra coisa (para justificar a inteligência da seção), não mostrarei apenas a beleza da criatura, mas o que esse “encontro” me proporcionou. Intelectual até à retina!

Quem estreia a seção  é Teresa Palmer. 

Qualquer legenda é fútil. Deixemos a imagem berrar!

Qualquer legenda é fútil. Deixemos a imagem berrar!

No fim de semana que passou, zapeando pela TV à cabo, parei no filme ‘Meu namorado é um zumbi” (2013).  Pausa para explicações. Porque assistir a um filme clichê, que vai na onda de Crepúsculo (aliás, Teresa tem uns traços de Kristen Stewart), que já sabemos o final, etc, etc, etc.? Eu ai mudar de canal, mas acabei gostando muito das canções que começaram a aparecer, em especial de Hungry Heart, do maravilhoso Bruce Springsteen. Aí aparece Shelter from the Storm (Bob Dylan), Rock You Like a Hurricane (Scorpions) e até uma referência ao filme “Uma linda mulher”, com Oh Pretty Woman (Roy Orbison). Claro, macaco não tão velho que sou, percebi que um casal bonito como protagonista, uma trilha sonora com clássicos pop de diversas épocas e uma historinha de amor com uma mensagem edificante tocariam os corações de milhões. 

CARTAZ

Outra coisa me chamou atenção: John Malkovich está no elenco como pai de Julie, personagem de Palmer. Só agora me dei conta de que não contei sobre o que é o longa. Mas isso é fácil e rápido: depois do apocalipse, uma praga zumbi atinge os seres humanos. “R”, Nicholas Hoult (que fez Fera, em X-Man: Primeira Classe), se apaixona por Julie e tenta defendê-la dos outros zumbis, além dos ataques de seres chamados esqueléticos e do próprio pai de Julie, um militar chamado Grigio (Malkovich). O que vence o preconceito e até mesmo cura os zumbis, transformando-os em quase-pessoas? O Amor, nada mais que o Amor. Aí você viaja nas metáforas e criar um sentido mais legal para a existência do filme.

Já tinha visto Teresa Palmer em outras produções, tanto que ela não me era estranha, como em Wolf Creek e O grito 2, mas ela ainda não era um colírio. Ou pelo menos não estava tão “colírica” nesses dois filmes. Palmer é australiana, tem 27 anos e 1,67 de altura.

Esse colírio me trouxe a música Hungry Heart. Talvez se não a tivesse visto, mudasse de canal e quem sabe um dia viciasse nesta canção. Agora, quando a ouço, além de escutar uma música ótima ainda lembro dessa atriz. Tá tudo grudado!!!