Vocês já sabem que eu gosto de novela. E como qualquer produto dramatúrgico, para mim, tem de possuir qualidades básicas, como boa história, personagens bem construídos e uma direção que entenda a proposta do autor (caso não seja o próprio que dirija seu texto).
A Favorita, nova novela das 21h, da Rede Globo, escrita por João Emanuel Carneiro (o mesmo de Da Cor do Pecado e Cobras & Lagartos), tem todas essas qualidades. Já nas chamadas, antes do folhetim começar, as duas atrizes principais me chamaram a atenção. Quem estaria falando a verdade? Como o autor revelaria esse segredo?
Embora eu, desde o começo, tivesse apostado na inocência das duas, não achei ruim ser Flora a assassina. O autor conseguiu, de forma coerente, transformar Patrícia Pillar na grande vilã da trama. Dessa forma, revelou o mistério que ficaria para o final. E, como dizem os especialistas, subverteu a lógica dos folhetins. Agora, é Donatela (Cláudia Raia) quem precisa provar sua inocência, após armação de Flora.
Outra coisa interessante da trama é a falta de pares românticos e suas intermináveis idas e vindas. Há romance, sim, mas não como centro da história. Isso é algo diferente.
Mas o que mais me espanta é saber que A Favorita estava perdendo em audiência para Os Mutantes, da Record. Nada contra esse tipo de ficção. Sou apaixonado pelo Senhor dos Anéis, X-Men e por aí vai. Mas, pelo que pude constatar, Os Mutantes não passa de uma salada sem pé nem cabeça.
João Emanuel Carneiro é quem é o mutante da vez, já que conseguiu oxigenar as tramas das 21h.